sábado, 2 de outubro de 2010

À espera...

Abri a porta e lá estava ele,sentado,abraçado aos joelhos com a cabeça baixa esperando por alguém.Não sabia quem esperava nem mesmo se viria até ele, mas com tudo o que sentia suas pernas não mais o sustentavam para ir em busca daquilo que precisava.A chuva começou a cair e nenhum movimento ele fez.Esperou ser molhado pela água fria e cortante que batia em suas costas e tudo o que desejava era o sol da manhã para aquecê-lo e secar seu corpo sem que ele precisasse se levantar,não conseguiria ir longe.
Sua espera parecia eterna,nem mesmo ele sabia a quanto tempo estava ali,mas não desistia,muito embora houvesse momentos em que pensava já ter desistido e estivesse ali apenas por incapacidade de ir a outro lugar.
A vida nunca esteve a seu lado e nem o ajudou como ela gostaria,embora tentasse ser uma pessoa boa,seu esforços nunca foram recompensados,isso o entristecia e mais tirava sua força de caminhar,de buscar,de viver.
A chuva finalmente parou e enfim conseguiu erguer a cabeça.Olhou para os lados a procura de quem estava esperando,mas nada,ninguém.O silêncio era ensurdecedor,maldito silêncio que fere mais que um punhal cravado no peito seguido de gritos e xingamentos.A fúria de um mar revolto era calmaria se comparada ao que sentia,se comparada a como vivia.
Tentei me aproximar para ver seu rosto,mas não conseguia me mover,parecia estar preso ao chão.Algo me impedia,não queria que eu o visse,embora desconfiasse de quem era.
O tempo foi passando e nada mudava,nenhuma palavra,nenhum som,ninguém,nada,estava de fato,sozinho.
Buscou em seus pensamentos algum indício de felicidade para o ajudar a suportar a angústia e a espera,mas nada encontrou,e mais uma noite caiu sem que tivesse a resposta de suas perguntas.Esperou,esperou e esperou...nada.
Sem que eu percebesse,comecei a andar,parecia estar sendo levado por uma força maior...Quando me vi estava sentado ao seu lado...Parecia que ele não tinha me visto,mas percebi que já não mais tremia de frio.
Novamente levantou a cabeça e olhou para o céu,então pude ver seu rosto e não acreditei,senti medo.Estava sentado ao lado de mim mesmo,sim,aquele era eu,então compreendi,que por mais que eu espere, se eu não me ajudar primeiro a vida inteira passarei sem ter outro ombro amigo.Só nós podemos nos ajudar,assim,aos poucos os verdadeiros amigos vão aparecendo e segurando nossa mão.
Não passar a vida inteira olhando a nossa situação e esperando pra ver o que acontece,não podemos fazer isso.Temos que nos mover,nos achegarmos a nós mesmos e deixar que o resto acontecerá do jeito que tem que ser,mas o primeiro passo sempre nós mesmos temos que dar.

Um comentário:

  1. ' É um texto poético qe nos inunda a alma. Qe nos faz olhar profundamente os corações sujos. As reservas prefiro guardar comigo. Parabéns!!!

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